OS SETE PECADOS CAPITAIS NA ORGANIZAÇÃO


Refletindo sobre certos comportamentos que acontecem dentro das Organizações, pensei em analisá-los à luz dos chamados sete pecados capitais da doutrina cristã, que se manifestam em nossa vida diariamente. Quando há muitos séculos alguém sintetizou os pecados nesses sete, chamados capitais, porque todos os demais deles se derivam, sabiamente percebeu o seu alcance. Constatamos hoje que também os “pecados corporativos” – assim os chamo porque são estruturais – e aqueles pessoais que acontecem dentro das empresas estão contidos nestes.
Nessa ótica, lembro ainda que qualquer que seja o “pecado” – uma transgressão aos valores humanos essenciais – prejudica não só quem o comete, mas também o outro, pois tudo está interligado. Da mesma forma, podemos afirmar que temos uma responsabilidade pelos pecados cometidos pelos outros quando senão cooperamos diretamente com eles, nos omitimos e não impedimos a atitude ou sequer orientamos e/ou damos um feedback para corrigir o comportamento. Assim, nos tornamos cúmplices.   As atitudes consideradas como pecado ferem a dignidade humana, são ofensivas à humanidade.  Sabe-se que muitas dessas atitudes são praticadas de forma consciente, o que é um agravante no comportamento humano.  Vejamos:
1.       Orgulho
No sentido de soberba, autossuficiência, presunção, arrogância, prepotência... Pessoas que pensam que sabem tudo, se consideram donas da verdade e se sentem capazes de resolver tudo sozinhas. Infelizmente são tantos exemplos circulando nas organizações: “saltos altos”, “narizes empinados”, outros que se consideram “os máximos” e que frequentemente dizem não à cooperação, são inflexíveis e nada agregam ao trabalho em equipe. Desse modo não conseguem interagir e criar o espírito de equipe e gerar resultados em ambiente de harmonia onde o sentido de coletividade é fundamental.
Ao contrário, a prática da virtude da humildade contribui para reconhecer as próprias competências e também as dos outros e saber colocá-las a serviço do bem comum, somando esforços e estabelecendo alianças para atingir os objetivos.

2.       Avareza
O avaro quer tudo para si e sempre mais, não é capaz de compartilhar e acaba não dando conta do que tem. Algumas expressões da avareza podem ser a demasiada centralização de poder às vezes associada ao autoritarismo; o profissional que não compartilha as informações e pensa ser insubstituível e a ambição desmedida que pretende vencer a qualquer preço, gerando situações de corrupção, fraudes, roubos, etc.
Não é esse o tipo de profissionais ambiciosos que as empresas precisam, ao contrário, busca-se pessoas determinadas, tenazes e entusiasmadas, automotivadas para alcançar objetivos e progredir. Mas que sejam pessoas generosas, que saibam compartilhar informações e poder para que em equipe possam vencer juntos.

3.       Ira
A ira se manifesta de muitos modos, como um estado emocional desequilibrado, que desencadeia uma série de ações e reações improdutivas que fazem sofrer a própria pessoa e todos à sua volta. Lamentavelmente há muitos casos de chefes autoritários tendo acessos de raiva, explodindo e insultando as pessoas, o que pode vir a ser caracterizado como assédio moral. Manifesta-se também em pessoas negativas, no mau humor que danifica o ambiente de trabalho, na agressividade que afeta os relacionamentos inclusive no tratamento aos clientes, entre outras situações.
Obviamente não há mais espaço no mercado para o profissional que assim age. As relações interpessoais devem ser baseadas no respeito, na boa educação e os líderes devem ser exemplares no tratamento aos seus colaboradores. Sabemos que as relações precisam ser mais humanas, que quanto mais participativa a gestão, maior será a motivação e o comprometimento da equipe e que a inteligência emocional é essencial para o equilíbrio interior e em todos os relacionamentos sociais.

4.       Gula
Pode ser caracterizada pelo desejo insaciável que cobiça além do necessário, não se contentando com o que tem. Os inúmeros escândalos que alimentam os noticiários são bons exemplos da gula daqueles que insaciavelmente buscam apenas os seus interesses mesquinhos, retirando daqueles que, muitas vezes, não têm condições dignas para viver. Assim, podemos associar às situações de injustiça e iniqüidade que acontecem quando alguns se “enchem” de benesses indiferentes á contribuição efetiva da grande maioria dos colaboradores nas empresas e dos cidadãos. A indiferença às questões sócio-ambientais, a falta de ética nos negócios e comportamentos daí derivados não deixam de ser uma forma de gula.
Insistimos na necessidade da partilha, na participação nos lucros e resultados, na gestão que assume a sua responsabilidade social como empresa cidadã e que cada um busque a temperança, o autodomínio para viver de maneira consciente e a serviço do bem.

5.       Inveja
Eis outro grande mal presente na sociedade e, portanto, nas organizações. Não raro identificamos aquele/a que despreza, deprecia o trabalho do colega; aquele/a que “rouba” idéias e se apresenta como o autor criativo e comprometido com a empresa e ainda aquele/a outro/a que sente prazer em “puxar tapetes”... a inveja gera um ambiente de competição predatória, fazendo acontecer traições, calúnias, intrigas, desagregações na equipe, etc.
Os relacionamentos humanos devem ser baseados no respeito mútuo, na confiança, na empatia, na compaixão e valorização das diferentes competências e potencialidades, assim se constrói equipes de alto desempenho.  

6.       Preguiça
Os profissionais que se contentam com a mediocridade, os que se acomodam em sua zona de conforto e nunca se esforçam para alcançar a excelência e até se queixam quando são cobrados e/ou estimulados a buscar o crescimento, certamente foram contaminados pela preguiça. Outras atitudes tais como: postergar, transferir responsabilidades, buscar culpados para os próprios erros e omitir-se, podem desencadear uma série de transtornos internos até o “adeus” do cliente cansado de esperar pelo bom atendimento.
Não há tempo a perder. As empresas precisam de profissionais dinâmicos e proativos que buscam o seu próprio crescimento junto com a equipe e a organização em que trabalham.
Cultivar virtudes como a determinação para se alcançar um objetivo, a diligência como um esforço inteligente de executar o que foi planejado, agir com presteza e ética são caminhos para vencer o mal da preguiça.

7.       Luxúria / Impureza
Na sociedade cada vez mais erotizada e com grande influência dos meios de comunicação social, sobretudo a internet, os riscos de desvios de conduta e escândalos são bem maiores. Sabe-se quantos problemas há nas organizações por questões relacionadas a assédios como forma de constrangimento do outro em todas as suas formas para obtenção de favores, promoções, informações, etc. 
Novamente o respeito à dignidade humana e o seguimento dos princípios éticos fundamentais são as diretrizes para se construir bons relacionamentos na sociedade e nas organizações e equipes de trabalho.


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